domingo, 16 de fevereiro de 2020

AS FESTAS DO POVO DE CAMPO MAIOR (1)

Estes textos têm como objectivo explicar como nasceu e como evoluiu uma festa popular de carácter estritamente local que remonta ao século XVIII.
  À semelhança do que acontecia em muitas outras povoações era, inicialmente, uma celebração religiosa: uma procissão que evocava um milagre. Ao encontro das transformações sociais que o tempo foi tecendo, foi-se tornando uma celebração pagã, acabando por ser um evento duma dimensão que foi para além dos limites da povoação onde nasceu e mesmo para além das fronteiras de Portugal.
As depois denominadas FESTAS DO POVO realizavam-se nos finais de Agosto, princípio de Setembro. Mas, nem sempre se fizeram com periodicidade regular.   Consistiam fundamentalmente em ornamentar as ruas da povoação. No início usavam-se elementos naturais – ramagens, folhagens e flores. Mas, a partir de inícios do século XX, começaram a serem usados ornamentos em papel – cortados e colados - formando cordas, encadeados e franjas que compunham os “tectos” que cobriam as ruas. Depois, os ornamentos de papel passaram a imitar, sobretudo, as flores. Esta inclinação para as decorações florais acentuou-se de tal modo que o evento foi, por vezes, designado como a FESTA DAS FLORES.
As ruas da vila eram completamente cobertas de ornamentações feitas de papel que reproduziam uma grande variedade de flores naturais. O recurso ao papel talvez tenha sido a solução ditada por um clima de verões muito quentes e muito secos de uma região muito no interior de Portugal. De qualquer modo tornou-se notável que as ruas desta vila, de dimensão razoável, se tornassem por vezes fantásticos jardins em que as flores de papel eram o elemento dominante.
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Este texto e os que se seguem, foram elaborados com base numa comunicação por mim apresentada no Congresso Internacional Pluridisciplinar (Flores – Flowres – Fleurs) organizado pelo “Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa” e o “Centrul de Excelentă Pentru Studiul Identităţii Culturale, da Universitatea din Bucureşti”, que decorreu nos dias 6 a 8 de Setembro de 2011, nas instalações da Universidade Nova de Lisboa.
( Francisco Pereira Galego).

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