Estes textos têm como
objectivo explicar como nasceu e como evoluiu uma festa popular de
carácter estritamente local que remonta ao século XVIII.
À semelhança do que
acontecia em muitas outras povoações era, inicialmente, uma celebração
religiosa: uma procissão que evocava um milagre. Ao encontro das
transformações sociais que o tempo foi tecendo, foi-se tornando uma
celebração pagã, acabando por ser um evento duma dimensão que foi para
além dos limites da povoação onde nasceu e mesmo para além das
fronteiras de Portugal.
As depois denominadas FESTAS
DO POVO realizavam-se nos finais de Agosto, princípio de Setembro. Mas,
nem sempre se fizeram com periodicidade regular. Consistiam
fundamentalmente em ornamentar as ruas da povoação. No início usavam-se
elementos naturais – ramagens, folhagens e flores. Mas, a partir de
inícios do século XX, começaram a serem usados ornamentos em papel –
cortados e colados - formando cordas, encadeados e franjas que compunham
os “tectos” que cobriam as ruas. Depois, os ornamentos de papel
passaram a imitar, sobretudo, as flores. Esta inclinação para as
decorações florais acentuou-se de tal modo que o evento foi, por vezes,
designado como a FESTA DAS FLORES.
As ruas da vila eram
completamente cobertas de ornamentações feitas de papel que reproduziam
uma grande variedade de flores naturais. O recurso ao papel talvez tenha
sido a solução ditada por um clima de verões muito quentes e muito
secos de uma região muito no interior de Portugal. De qualquer modo
tornou-se notável que as ruas desta vila, de dimensão razoável, se
tornassem por vezes fantásticos jardins em que as flores de papel eram o
elemento dominante.
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Este texto e os que se seguem, foram elaborados com base numa comunicação por mim apresentada no Congresso Internacional Pluridisciplinar (Flores – Flowres – Fleurs) organizado pelo “Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa” e o “Centrul de Excelentă Pentru Studiul Identităţii Culturale, da Universitatea din Bucureşti”, que decorreu nos dias 6 a 8 de Setembro de 2011, nas instalações da Universidade Nova de Lisboa.
( Francisco Pereira Galego).
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