sábado, 7 de março de 2020

AS FESTAS DO POVO DE CAMPO MAIOR (5)

AS FESTAS DO POVO DE CAMPO MAIOR
Fantasias e realidades sobre as suas origens
Não é fácil demarcar com rigor a data de começo das "Festas do Povo de Campo Maior". Como para quase todas as realizações levadas a cabo colectivamente pelo povo, estas festas tiveram a sua génese ao longo de um período largo de tempo. Estas manifestações de cultura popular deixaram poucos testemunhos, tornando-se, quase sempre, muito difícil reconstituir a maneira como nasceram e como foram evoluindo.
Mas o povo, quando não sabe inventa. Não por má fé, ou por censurável intenção. Mas para buscar explicação para as coisas que lhe despertam interesse ou curiosidade.
As "Festas do Povo de Campo Maio"r têm sido explicadas de muitas maneiras e sempre de modo mais ou menos fantasiado. Segundo alguns, teriam nascido em determinada rua, - a Rua Nova -, e ligadas a uma determinada actividade dum grupo: o dos contrabandistas.
Nenhum documento ou facto conhecido, confirma semelhante afirmação. É certo que, o contrabando foi uma actividade importante em Campo Maior, como é natural em terras de fronteira. Mas é também um facto comprovado que, os contrabandistas, em anos em que os negócios lhes calhavam mais a jeito, tinham por hábito festejar, organizando um desfile e um arraial em honra de São Joãozinho que tomavam como protector e padroeiro das suas arriscadas actividades. Mas, estas festas faziam-se em Junho, pelo São João, e nada tiveram a ver com as outras festas que, a partir dos finais do século XIX, se começaram a realizar em Setembro.
Estas festas de Setembro começaram a fazer-se no ano de 1893. Apresentaram-se como "Festas em Honra de São João Baptista", dizendo-se que eram o reatar de uma tradição que vinha de tempos antigos. De facto, antes havia o costume institucionalizado de se fazer uma missa solene e uma procissão em 28 de Outubro, em honra de São João Baptista, em que participavam as autoridades municipais, que assumiam a organização e despesas de uma festa, com iluminação nocturna das ruas, as quais tinham sido decoradas com ramos para que passasse a procissão, com a imagem do Santo Padroeiro de Campo Maior.
É, portanto, em volta do culto de São João Baptista que se constituiu uma antiga tradição que consistia na realização de uma festa no dia 28 de Outubro, apesar do calendário litúrgico consagrar esta data a outro santo: São Simão.
Mas, esta data também celebrava o fim do Sítio de Campo Maior de 1712, em que a vila estivera na eminência de se render por falta de condições para continuar a resistir ao terrível poder de fogo dos invasores. Porém, a maneira como as tropas sitiantes tinham retirado quando a vila já estava praticamente vencida, foi considerada um milagre atribuído à divina intervenção, por interferência de São João, Patrono e Protector de Campo Maior. Daí que o dia ficasse assinalado como feriado municipal e se decidisse que nesse dia se fizessem festejos em honra do Santo Precursor de Jesus Cristo.
Aqui está a explicação de se fazerem festas em honra de São João, em dia de São Simão, tanto mais que, em Campo Maior, desde tempos imemoriais, também se comemorava o São João, do dia 23 para 24 de Junho - que é consagrado pelo calendário litúrgico,  com arraial no sítio de São Joãozinho, recinto onde existe uma capela assinalando o local onde o santo aparecera a um habitante de Campo Maior, no distante século XVI , quando terminava o reinado de D. Manuel e começava o de D. João III.

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