quinta-feira, 12 de março de 2020

AS FESTAS DO POVO DE CAMPO MAIOR (6) - - AS FESTAS DOS ARTISTAS

Em 1893, um grupo de jovens ligados às actividades de comércio e aos ofícios artesanais de loja aberta, resolveu reatar a tradição de fazer as Festas em Honra de São João, que tinham deixado de se fazer havia cerca de quarenta anos, ou seja, desde meados do século XIX.
Desde logo, traçaram o projecto de ornamentação das ruas e da sua iluminação nocturna. Ao mesmo tempo elaboraram um programa do qual se destacavam as festas de igreja, - com missa solene e procissão -, as arvoradas e os concertos pelas bandas locais ou as convidadas de terras vizinhas, as touradas à vara larga, os bailes, os descantes populares e o fogo de artifício.
            Embora se tratasse de recuperar as festas antigas, a festa foi mudada de 28 de Outubro para início de Setembro, parecendo que o motivo desta mudança poderia justificar-se por diversos factores, entre os quais, terão maior peso as incertezas do clima - atreito a ventanias e chuvadas nos finais de Outubro - e a ser um tempo em que as actividades do campo, nomeadamente com as vindimas, se desenvolvem a partir de meados de Setembro.
            Organizadas pelos estratos da população que não estavam ligados ao trabalho agrícola, estas festas, desde o seu início, foram designadas pelo povo como as Festas dos Artistas. Mas o seu nome oficial, aquele por que são designadas, nos programas e nos artigos e notícias dos jornais, foi o de Festas em Honra de São João Baptista. Este será o seu nome oficial até ao ano de 1922.
            João Ruivo, no jornal O Campomaiorense, para sublinhar o facto de elas envolverem toda a população, utiliza pela primeira vez a designação Festas do Povo que não mais seria substituida por qualquer outra designação.
A tentativa de as associarem, pelo nome, aos contrabandistas, que apareceu nos anos oitenta do século XX, terá resultado de um equivoco sem qualquer fundamento.

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